quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Elas chegaram: a cólica e a culpa

E de repente a gente se dá conta de que as coisas estavam fáceis demais...

Pois é, estou deslumbrada e encantada com o meu filhote e com a maternidade, mas (logo) chega a hora de descobrirmos que as amigas mais experientes tem razão e que nem tudo são flores!

Dia 30 de julho fomos à pediatra pela primeira vez e, no meio do um milhão de dúvidas que tínhamos, ela rapidamente falou sobre a grande vilã das primeiras semanas de vida dos babies: a temida cólica. Deixou receitado o remedinho para o caso de eu precisar. E a pergunta da mamãe de primeira viagem aqui: “e como vou saber se ele está com cólica?”. A resposta da doutora: “Ah, não tenha dúvidas: você VAI saber”.

Com medo dessa certeza toda, contentei-me com essa resposta evasiva e deixei o assunto prá lá. Afinal, dizem que cólicas, só lá para os vinte dias de vida da criança. Affff... até lá são tantas e tantas mamadas e trocas de fraldas que falta uma eternidade para pensar nisso, certo?

ERRADO.

A cólica chegou. Mais cedo do que o normal. Com nove dias de vida do meu lindão. E a pedi tinha razão: eu instintivamente soube que era ela.

Ele chorava sofrido, doído. Contorcia a barriguinha e agitava as perninhas. Fazia caretas de dor. E eu chorava ao lado dele. Fazia massagens na barriguinha e de repente ele soltava um punzão e o choro diminuía, por alguns minutos.

No desespero, peguei o remedinho receitado pela médica e dei. Cerca de meia hora depois, ele acalmou.

E eu traumatizei.

Fui orientada por uma amiga mamãe a cortar alguns alimentos da dieta, e assim eu fiz (chocolate, café, refrigerantes, feijão, vegetais escuros e, o pior pra mim: leite e derivados). Coincidência ou não, nos dias seguintes a coisa ficou melhor. Percebia a dorzinha às vezes, mas em graus mais “leves”. E me socorri do Luftal quando achei ser necessário.

E aí chegamos à madrugada de 06 de agosto. Ele passou o dia anterior muito bem, tranquilinho. Depois da mamada da noite, tudo começou: ficou chatinho, resmungão. O resmungo evoluiu para choro e todo o resto do primeiro dia. Corremos para o Luftal, mas dessa vez não resolveu. Conclusão: bebê acordado e cada vez mais cansado, e eu com ele no colo, tentando decifrar cada um de seus gemidos, e sem pregar os olhos a noite toda.

Aí o cansaço começou a bater, e você se vê dormindo em pé. Sempre tive muita dificuldade para lidar com o sono. E, no meio da madrugada, junto com toda a frustração de ver seu filho chorando sem saber o que fazer, a irritação me pegou de jeito. Marido acordou depois de muito berreiro e, de cara feia, tirou-o do meu colo. E incrivelmente ele começou a se acalmar. E aí entrou em cena o outro vilão da noite: a CULPA, e sua estréia em minha vida de mãe.

Percebi que a minha irritação estava deixando meu pequeno ainda mais irritado. E aí a culpa veio com o pacote completo: me dei conta que minha irritação alcançou MEU FILHO! Meu pobre bebê, indefeso e com dor, que só gritava pedindo ajuda, e eu ali irritada! Que absurdoooo! Como é possível??? Ainda mais ele, que eu desejei TANTO, que eu pedi TANTO? Me senti péssima com essa constatação e chorei, chorei, chorei...

Quando o papai saiu prá trabalhar (com medo de deixar seu filhote com uma mamãe louca e quase histérica...), eu só conseguia pegar meu pequeno no colo, abraçar, beijar e pedir muitas desculpas pelo meu descontrole. E prometer que faria todo o possível para que aquilo nunca mais acontecesse...

Depois de tantos pedidos de perdão, consegui me acalmar um pouco e, com o passar dos dias, o sentimento de frustração diminuiu. Mas ainda não foi embora por completo. E me pergunto, agora, que níveis essa culpa toda pode alcançar em nossa trajetória como “mães”.

Repito pra mim mesma que vou sempre fazer o meu melhor para o meu filho; que o amo mais que tudo na vida. Mas sei que teremos outros episódios de dúvidas e de culpa. Porque – tá certo, agora eu entendo... – isso vem tudo junto no pacote “MÃE”.

E apesar dos tropeços e das pedras no caminho, ainda assim já sei que vale muuuuito a pena!!!

6 comentários:

  1. Que lindo amiga, eu vibro com cada uma de suas palavras... toca fundo mesmo! Chorei junto com vcs dois, no primeiro episódio de cólica! kkkk, impossivel eu não me ver na mesma situação, nossa só vivenciando mesmo, pq eu não sei oq faria! rs.

    E é assim, mesmo, esse pacote maravilhoso chamado 'MÃE', vem sem manual de instruções e só uma dica: 'viva intensamente!'. E é isso mesmo amiga, viva.. e ame intensamente!!

    beijão de nós dois pra vcs dois!!!
    Blog A Mais Doce Espera

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  2. Amiga, é muito dificil não ficar irritada qd não se dorme direito e tem uma avalanche de hormônios nos desgovernando. Qto à culpa, acho que reconhecer este sentimento e racionalizar, como vc está fazendo, é o melhor caminho. O ruim é deixar se levar por ela.
    Vou te contar uma coisa. Vc sabe que adotei uma cachorra no ano passado e ela teve cinomose? Sofri muito para ela ficar bem. Chorei muito, pedi muito pra Deus. Ela ficou ótima...e começou a aprontar em casa... Algumas vezes cheguei a ficar p da vida, gritei muito e até bati nela. Depois chorei, me sentindo culpada. Afinal, depois de tanto que pedi pra Deus, como eu podia brigar com aquela cachorra?
    Conversei com a minha terapeuta e ela disse que era completamente normal e, que, mesmo com a minha filha, às vezes, eu me sentiria irritada, de saco cheio e que isso não significaria nada de mais.
    Sabe que só de ela falar, eu fiquei tranquila? Sei que é normal. Acontece com todos.
    Bjks em vcs 2 e fique bem!!!

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  3. É exatamente isso que a Maria Livia disse: tem que ser muito monge budista para manter a calma e ser racional quando se esta com muito sono, cansada e com hormonios enloquicidos.
    Não se culpe tanto. Eu tb tive episódios em que perdi a paciência com Alice, pedi desculpa para ela... chorei, mas passou.
    Vcs estão se conhecendo. Da próxima vez, tente se colocar no lugar do Felipe. Pense que ele é muito pequeno, acabou de sair da barriga, esta tentando entender como é viver tendo de respirar, ter fome, dor, sono. Dentro da barriga tava tudo tranquilo, ele não precisava fazer nada para viver. Aqui fora ele precisa se esforçar e se comunicar do seu modo (com muito choro) para mostra que esta incomodado.
    Falando em choro, dê uma olhada neste vídeo:
    http://gnt.globo.com/maes-e-filhos/dicas/Conheca-os-diferentes-tipos-de-choro-de-bebe.shtml
    Ele me ajudou muito a identificar o choro da Alice (principalmente o da fome e do arroto). Mas isto vale até os três meses, porque daí os choros de reflexos vão embora.
    Grande bj!!

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  4. Ai Rê, é assim mesmo. Nenhuma mãe passa ilesa por essas experiências.
    Mas por bem ou por mal vamos aprendendo a lidar com isso, caso contrário enlouquecemos mesmo!!!
    O início é muito difícil para eles tb. Hoje penso e vejo o quanto o Rafael deve ter sofrido comigo, que não sabia acalmá-lo. Hoje a gente já conhece os macetes, já sabe as posições que ele mais gosta etc etc...mas como saber se vcs acabaram de se conhecer? Impossível.
    Você irá se culpar mais um milhão de vezes. E é normal, apesar e não ser nada saudável para nós. Mas o importante mesmo é que você está sim fazendo o seu melhor. Porém em certos momentos o seu melhor não é aquele idealizado. É a vida. Ele não vai ficar magoado ou ressentido. Uma mamazinho, um aconchego já vale muito a ele. tenha certeza!
    E sábado vamos conversar muitoooo

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  5. Amiga, vc é humana! Vai se irritar muitas vezes ainda, não se sinta culpada.
    Ter serenidade num momento de desespero é muito difícil, mas vc vai aprender! É uma ótima mãe nunca se esqueça disso!

    Mil bjus

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  6. Amiga, acostume-se, pois o bebê vai chorar muitas vezes, sofrer faz parte, mesmo sendo pequeno e indefeso, ele é sim "FORTE" e vai passar por todos esse tormento, ileso. O que tem que ser trabalhado todo o tempo, é a cabeça da mamãe. Lembraaaaaaaaaaaaa o que a sua amiga aqui te disse uma vez (sei que tanta gente te fala tanta coisa) de que quando chora um bebê é porque chora uma mãe??? E percebi isso lá na maternidade, quando vc se "desesperou" quando o Lipe teve seu início no peito. Você viu que depois tudo se ajeitou e ele está aí mamando lindamente?! Não sinta-se culpada (mesmo pq não resolver absolutamente nada), reverta esse sentimento ruim, por "calma" . Nem vc e nem eu nunca fomos mãe antes, e nenhuma de nós duas sabia esse dicionario de cór. Mas a calma é fundamental para encarar esse lindo e emocionante desafio de nossas vidas. Primeiro as cólicas, depois a escola, as quedas, as frustrações, a namorada, o emprego...icheeee....coração de mãe é feito pra sofrer minha amiga, mas colo de mãe tem que ser pra afagar, acalentar e acalmar quando tudo isso acontecer. Recomece e esqueça se não fez certo, se falhou...esquece isso, recomece! Respire reze, controle-se e tudo vai dar certo. Pense nisso tá?! Tamo junta...tô aqui se precisar de um help. Amo vcs muito, bjs

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